domingo, 28 de junho de 2009

O Dia do Papa



Sendo hoje o Dia do Papa rezemos por ele.

A oração pelo Papa, reproduzida a seguir, está contida no Livro Oficial de Orações da Igreja Católica:

"Ó Deus,
que na vossa providência
quisestes edificar a vossa Igreja sobre São Pedro,
chefe dos apóstolos, fazei que o nosso Papa,
que constituístes sucessor de Pedro,
seja para o vosso povo o princípio
e o fundamento visível da unidade da fé
e da comunhão na caridade.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

ARRAIÁ DOCE MÃE DE DEUS

Nossa festa de São João é a melhor de todas, muita alegria, forró cristão, teatro matuto, quadrilha, comidas tipicas e muitos irmãos matutos. Você não sabe o que perdeu.
O povo da Porciúncula tomou conta da barraca de comidas típicas, estava tudo uma dilícia.Confira!

Viva São João, o Batista!








sexta-feira, 19 de junho de 2009

Os cinco defeitos de Jesus



O Cardeal vietnamita Francisco Xavier Nguyen Van Thuan teve como lema de vida a esperança que enche de amor o momento presente. Mantido prisioneiro pelo regime comunista durante 13 anos, 9 dos quais em total isolamento, não ficou de “braços cruzados” esperando a libertação; ao contrário, com a criatividade própria do amor, fez-se amigo dos carcereiros, construiu para si um crucifixo, celebrou a eucaristia clandestinamente e escreveu três livros. Depois de uma vida luminosa, morreu vitimado pelo câncer em setembro de 2002.

Van Thuan declara-se apaixonado pelos defeitos de Jesus e os descreve no livro “Testemunhas da esperança”:

PRIMEIRO DEFEITO: JESUS NÃO TEM MEMÓRIA
No calvário, no auge da indescritível agonia, Jesus ouve a voz do ladrão à sua direita: “Jesus, lembra-te de mim quando estiveres em teu reino” (Lc 23,43). Se fosse eu, teria respondido: “Não vou esquecê-lo, mas seus crimes devem ser pagos por longos anos no purgatório”. No entanto, Jesus respondeu-lhe: “...hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43). Jesus esqueceu todos os crimes desse homem.

Semelhante atitude Jesus teve com a pecadora que banhou os seus pés com perfume... Não faz nenhuma pergunta sobre seu escandaloso passado. Simplesmente diz: “Seus inúmeros pecados estão perdoados, porque muito amor demonstrou” (Lc 7,47)...
A memória de Jesus não é igual à minha...

SEGUNDO DEFEITO: JESUS NÃO “SABE” MATEMÁTICA
Se Jesus tivesse se submetido a um exame de matemática, por certo teria sido reprovado... “Um pastor tinha 100 ovelhas. Uma se extravia. Ele, imediatamente, deixa as 99 no redil e vai em busca da desgarrada. Reencontra-a, coloca-a no ombro e volta feliz” (cf. Lc 15,4-7).

Para Jesus, uma pessoa tem o mesmo valor de noventa e nove e, talvez, até mais. Quem aceita tal procedimento? Sua misericórdia se estende de geração em geração...

TERCEIRO DEFEITO: JESUS DESCONHECE A LÓGICA
Uma mulher possuía 10 dracmas. Perdeu uma. Acende a lâmpada; varre a casa... procura até encontrá-la. Quando a encontra convida suas amigas para partilhar sua alegria pelo reencontro da dracma... (Lc 15,8-10)... de fato, não tem lógica fazer festa por uma dracma... O coração tem motivações que a razão desconhece... Jesus deu uma pista: “Eu vos digo que haverá mais alegria diante dos anjos de Deus por um só pecador que se converte...” (Lc 15,10).

QUARTO DEFEITO: JESUS É AVENTUREIRO
Executivos, pessoas encarregadas do “marketing das empresas”, levam em suas pastas projetos, planos cuidadosamente elaborados... Em todas as instituições, organizações civis ou religiosas não faltam programas prioritários; objetivos, estratégias...

Nada semelhante acontece com Jesus. Humanamente analisando, seu projeto está destinado ao fracasso.

Aos apóstolos, que deixaram tudo para segui-lo, não garante sustento material, casa para morar, somente partilhar do seu estilo de vida. A um desejoso de unir-se aos seus, responde: “As raposas têm tocas e as aves do céu ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8,20)...

Os doze confiaram neste aventureiro. Milhões e milhões de outros igualmente. Já vão lá mais de dois mil anos e a incalculável multidão de seguidores continua a peregrinar. Galerias enormes de santos e santas, bem-aventurados, heróis e heroínas da aventura. No Universo inteiro esta abençoada romaria continua... Vai que este aventureiro tem razão...? Neste caso, a mais fantástica viagem na “contramão” da história será a verdadeira...! “A quem iremos?”...

QUINTO DEFEITO: JESUS NÃO ENTENDE DE FINANÇAS NEM ECONOMIA
Se Jesus fosse o administrador da empresa, da comunidade, a falência seria uma questão de dias. Como entender um administrador que paga o mesmo salário a quem inicia o trabalho cedo e a outro que só trabalha uma hora? Um descuido? Jesus errou a conta? ...

Por que Jesus tem esses defeitos? Porque é o Deus da Misericórdia e Amor Encarnado. Deus Amor (cf. 1Jo 4,16). Portanto, não um amor racional, calculista, que condiciona, recorda ofensas recebidas. Mas um amor doação, serviço, misericórdia, perdão, compreensão, acolhida... Em que medida? Infinita.

Os defeitos de Jesus são o caminho da felicidade. Por isso, damos graças a Deus. Para alegria e esperança da humanidade, esses defeitos são incorrigíveis.


Maria Auristela B. Alves
www.comshalom.org/formacao/santos/van_thuan.html

terça-feira, 16 de junho de 2009

CORAÇÃO SAGRADO



Se você está cansado/
sem lugar pra repousar
Venha ao Coração Sagrado
de Jesus que aberto está
Pode então entrar /
até descansar teu Deus ai espera e quer te amar

Curar tuas feridas, tirar a solidão /
reconstruir com zelo tudo que está no chão.
Te dá muito carinho,
alegre-se irmão felicidade não é ilusão”.

Deus Pai dignou-Se conceder-nos, no Coração do Filho, infinitos dilectionis thesauros, tesouros inesgotáveis de amor, de misericórdia, de ternura. Se quisermos descobrir com evidência que Deus nos ama - que não só escuta as nossas orações, mas até Se nos antecipa - basta-nos seguir o mesmo raciocínio de S. Paulo: “Aquele que nem ao seu próprio Filho perdoou, mas O entregou à morte por nós, corno não nos dará, com Ele, todas as coisas?”.
Cristo que passa, 162

Cristo na Cruz, com o Coração trespassado de Amor pelos homens, é uma resposta eloquente - as palavras não são necessárias - à pergunta sobre o valor das coisas e das pessoas. Pois valem tanto os homens, a sua vida, a sua felicidade, que o próprio Filho de Deus Se entrega para os remir, para os purificar, para os elevar! Quem não amará o seu coração tão ferido? - perguntava uma alma contemplativa. E continuava a perguntar: Quem não dará amor por amor? Quem não abraçará um Coração tão puro? Nós, que somos de carne, pagaremos amor com amor, abraçaremos o Ferido que encontrámos, Aquele a quem os ímpios atravessaram as mãos e os pés, o lado e o Coração. Peçamos-lhe que Se digne prender o nosso coração com o vínculo do seu amor, feri-lo com uma lança, pois é ainda duro e impenitente.

São pensamentos, afectos e palavras que as almas enamoradas desde sempre dedicaram a Jesus. Mas, para entender essa linguagem, para saber na verdade o que é o coração humano e o Coração de Cristo e o amor de Deus, são precisas a Fé e a humildade. Foi com Fé e humildade que Santo Agostinho escreveu para nós estas palavras universalmente famosas: “criastes-nos, Senhor, para Vós, e o nosso coração está inquieto enquanto em Vós não repousa”.
Cristo que passa, 165

Na festa de hoje, havemos de pedir ao Senhor que nos dê um coração bom, capaz de se compadecer das penas das criaturas, capaz de compreender que, para remediar os tormentos que acompanham e tanto angustiam as almas neste mundo, o verdadeiro bálsamo é o amor, a caridade; todas as outras consolações só servem para nos distrair por um momento e deixar depois amargura e desespero.

Se queremos ajudar os outros, temos de os amar - deixai-me insistir - com um amor que seja compreensão e entrega, afecto e humildade voluntária. Assim compreenderemos por que quis o Senhor resumir toda a Lei nesse duplo mandamento, que é afinal um mandamento só: o amor de Deus e o amor do próximo, com todo o coração.
Cristo que passa, 167

Viver no Coração de Jesus, unir-nos a Ele estreitamente é, portanto, convertermo-nos em morada de Deus. Aquele que Me ama será amado pelo meu Pai, anunciou o Senhor. E Cristo e o Pai, no Espírito Santo, vêm à alma e fazem nela a sua morada.

Quando compreendemos - ainda que seja só um poucochinho - estas verdades fundamentais, a nossa maneira de ser transforma-se. Passamos a ter fome de Deus e fazemos nossas as palavras do Salmo: Meu Deus, eu Te procuro solícito; sedenta de Ti está a minha alma; a minha carne deseja-Te, como terra árida, sem água. E Jesus, que suscitou as nossas ansiedades, vem ao nosso encontro e diz-nos: se alguém tem sede, venha a Mim e beba. E oferece-nos o seu Coração, para encontrarmos nele o nosso repouso e a nossa fortaleza. Se aceitarmos o seu chamamento, veremos como as suas palavras são verdadeiras, e aumentará a nossa fome e a nossa sede, até desejarmos que Deus estabeleça no nosso coração o lugar do seu repouso e não afaste de nós o seu calor e a sua luz.
Cristo que passa, 170

São Josemaria Escrivá

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A Modéstia, Atributo de Maria


(Sinal do Consagrado Doce Mãe de Deus)

[...]

Exteriormente é modesta. Não se faz notar pela severidade nem pela negligência. Sempre humilde e mansa, traz o sinal da simplicidade em tudo que realiza.

Modesta em relação ao mundo. Maria sacrifica com generosidade a condição de gestante; vai imediatamente, vencendo grande distância, visitar sua parenta Isavel, levando felicitações e auxílio. Durante três meses acompanha e serve, trazendo grande alegria ao lugar. Somente quando a glória do Filho exigir aparecerá em público. Assistirá às bodas de Caná sem nenhum privilégio. A modéstia faz com que pratique a caridade de acordo com a ocasião.

Modesta no cumprimento dos deveres.Desempenha com suavidade, sem precipitações, sempre alegre e disposta a abraçar uma nova obrigação; não deixa transparecer as contrariedades, não busca consolações e pela naturalidade não atrai a atenção dos demais. Modelo exemplar para os adoradores do Santíssimo Sacramento; cuja vida se compõe de pequenos atos e de pequenos sacrifícios, que somente Deus deve conhecer e recompensar; cuja glória e conforto consistem na filial e humilde dedicação no cumprimento dos deveres, ambicionando agradar o Mestre pela contínua imolação de si mesmos.

...

Modesta na piedade. Elevada ao mais alto grau de contemplação que uma criatura possa atingir, vivendo no constante exercício do perfeito amor, exaltada acima dos anjos e constituída Mãe de Deus, mesmo com todas essas prerrogativas, serve o Senhor com simplicidade; sujeita-se às prescrições da lei, assiste às festas, reza junto com os demais fiéis; em nada se faz notar, nenhum exercício exterior demonstra sua piedade e o seu fervor. Assim deve ser a piedade do cristão: comum em suas práticas, simples em seus meios, modesto no agir, evitando chamar a atenção, fruto sutil do amor próprio que leva à vaidade e à ilusão.

Modesta nas virtudes. Possui todas as virtudes em grau supremo, praticados com suma perfeição, embora de forma simples e usual. Em todos os favores recebidos, a humildade vê somente a bondade de Deus, somente agradece. Agradecimento escondido e sem glória humana. Pode, porventura, vir coisa boa de Nazaré ? (Jo 1, 46). Ninguém presta atenção em Maria, passa totalmente desapercebida.

...

Eis o segredo da Perfeição: a simplicidade, mesmo quando ignorada, saber conservá-la. Uma virtude acentuada fica exposta, uma virtude louvada pode trazer a ruína; a flor que mais chama a atenção, murcha depressa.
Afeiçoemo-nos às pequenas virtudes de Maria de Nazaré, que germinam aos pés da cruz, à sombra de Jesus; deste modo, não temeremos as tempestades que abatem os cedros nem o raio que cai no cimo da montanha.

Modesta nos sacrifícios. Aceita em silêncio e conformidade o exílio no Egito. Diante da dúvida de José, permanece em silêncio, confia na providência. Traspassada pela dor, acompanha o Filho que carrega a cruz, não grita nem lamenta exteriormente. No Calvário, mergulhada em sua dor, sofre calada e se despede do Filho num olhar mudo.

Maria é também modesta em sua glória. Como Mãe de Deus, possuía todos os direitos e todas as homenagens, entretanto abraça a provação e o sacrifício. Não aparece nos triunfos do Filho, porém está aos pés da cruz.

Para ser filhos desta Mãe, devemos nos revestir de modéstia, deve ser tema usual de nossa meditação. A modéstia é virtude régia de um adorador do Santíssimo Sacramento, pois fornece a exterioridade dos sentidos na presença de Deus.


Extraído da Obra Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento: Um mês com Maria, de São Pedro Julião Eymard, Editora Formatto, 2008, p.50-53

domingo, 14 de junho de 2009

"É necessário que eu diminua"





Era uma vez um servo fiel de um grande senhor. O castelo do senhor contemplava um tempestuoso canal que separava seus domínios das terras de uma linda senhora. O servo, que cuidava dos arquivos do senhor, havia encontrado um antigo pergaminho que provava que ele, o servo, e não o senhor, era o verdadeiro e legítimo herdeiro da propriedade.

O servo amava secretamente a bela senhora. Ele a havia conhecido certa feita quando acompanhara o senhor numa de suas visitas a ela. Quando encontrou o extraordinário pergaminho, o servo resolveu que, no momento oportuno, não só iria reivindicar sua legítima herança, como também iria pedir a senhora em casamento. Pois, agora, estaria no mesmo nível social que ela, e ela não iria desprezá-lo.

Uma tarde ele ouviu dizer que a senhora vinha a caminho, pelo canal, para uma visita ao senhor. Esta seria a sua oportunidade. Quando ela chegasse, ele retira¬ria o documento das obras de sua veste e reclamaria tanto a herança como a mão da senhora.

Quando o dia já caminhava para o fim, o servo acompanhou o senhor até as margens do canal, e juntos passeavam sobre o quebra-mar, enquanto aguardavam a chegada do barco da senhora. Surgiu, porém, uma grande tempestade, e o barco foi apanhado pela chuva e pelos ventos adversos. Uma enorme escuridão recaiu sobre o mar e a praia. Receando que o barco não pudesse encontrar o caminho através da escuridão, o senhor ordenou que acendessem uma fogueira que servisse de farol. Nada, porém, queria pegar fogo. A pesada chuva havia encharcado tudo o que pudesse servir de material combustível. Não havia material algum que pudesse inflamar¬se, nem musgo seco, nem raspa de madeira para iniciar uma chama.

Temendo que a senhora chegasse a se afogar na tempestade, o servo puxou o pergaminho, única esperança e prova do seu futuro, e o acendeu. O barqueiro avistou a chama, dirigiu o barco no rumo certo através da escuridão, e o trouxe com segurança até o atracadouro.

A senhora desembarcou e atirou-se nos braços do senhor, rendida de amor. O servo ouviu a voz do senhor, que cumprimentava a senhora com palavras temas de amor ardente. Seu coração sobrepujando o próprio infortúnio, rejubilou-se com a felicidade da mulher que amava, e com a felicidade do senhor, a quem servia com lealdade e a quem amava como amigo. Vieram-lhe à mente as palavras de João Batista: "O amigo do esposo, que está presente e o ouve, é tomado de alegria à voz do esposo. Essa é a minha alegria e ela é completa" (Jo 3,29).

No íntimo do coração, o servo criou o brasão de sua verdadeira nobreza, inscrito com as palavras de João: "É necessário que ele cresça e eu diminua" (Jo. 3,29).

Mesmo antes de ser a de João Batista, esta foi a história de São José. É a história de cada um de nós. Ninguém que ame de verdade jamais aprisiona sua amada sob seu jugo. Afasta-se dela; sai de sua vida, se necessário, para que ela se tome o que foi chamada por Deus para ser.

O anjo esclarece José sobre o divino mistério que se opera em Maria: "José - diz ele - Deus, o Altíssimo, pelo poder de seu Espírito, tomou Maria como esposa e formou-lhe um filho em seu ventre. Em respeito à tua bem-amada Maria, deixe-a viver a fase mais nobre de si mesma! Deixa-a fruir seu profundo relacionamento com o Senhor Deus e ela ser-te-á mais preciosa ainda!".

A resposta a tudo isso no coração de José deve ter sido um alegre: "É necessário que ele cresça e que eu diminua". José afasta-se de Maria. Consente em ficar de lado para que ela possa tomar-se em toda a sua plenitude aquela pessoa que Deus desejava que ela fosse: a esposa do Espírito Santo e a mãe de uma obra divina de amor, juntando toda a humanidade no amor. E, além disso, maravilha do amor de Deus, apesar de tudo, José recebe Maria como sua e, com ela, recebe também a Deus! "José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu chamarás com o nome de Jesus (Mt 1,20). Como esposo de sua mãe, terás o privilégio de pai de lhe dar o nome. Aceitá-lo-ás como teu filho, uma vez que aceitarás a mãe dele como esposa".

A isto, a resposta dentro do coração de José deve ter sido um alegre: "Sim, é preciso que eu diminua; não preciso, porém, desaparecer de sua vida!".Deixando, respitosamente Maria ser ela própria, o carinhoso amor de José para com ela tornou-se mais rico ainda ao aceita-la. De boa vontade concordou viver com ela em celibato. Em seu reverente amor, respeitou-a como esposa do Senhor Deus, e aceitou a condição de que ela permanecesse sempre virgem. "Embora eu precise diminuir, ainda as¬sim terei a felicidade de continuar a amá-la e de viver em seu amor" .

Uma vez que o amor deseja que a pessoa amada seja na verdade mais ela própria, que o verdadeiro amor de si mesmo só se encontra na comunhão com o Senhor, todo amor deve ter o espírito celibatário: profunda reverência com a pessoa amada, como pertencente ao Senhor! Mais cedo ou mais tarde aquele que ama terá de enfrentar a realidade de que o Senhor entrou na vida da pessoa que amamos; e todo verdadeiro amigo deverá dizer: "É necessário que ele cresça e que eu diminua.

Pois somente o Senhor Deus poderá satisfazer o coração humano. Em todo o coração existem profundezas infinitas que nenhum amigo humano poderá preencher, profundezas que somente Deus poderá preencher. Levando isso em consideração, esposos e esposas cristãos entendem o que Paulo quer dizer quando fala que eles provavelmente desejarão abster-se ocasionalmente das relações conjugais, por mútuo consentimento, a fim de se entregarem à oração (l Cor 7,5).

O que todo amigo cristão deseja acima de tudo para a pessoa amada é comunhão com o Senhor. A pessoa a quem amo, a esposa, o esposo, o amigo, pertencem, antes de tudo, ao Senhor. E, neste sentido, sou apenas o amigo do noivo. Somente ele é esposo de todo o coração humano. Ele deve crescer, enquanto devo diminuir.

Se não aprender esta lição logo no início de meu amor para com alguém, seguramente irei aprendê-lo quando eu mesmo for chamado para o Senhor na hora da morte. Para encontrar-me com ele, e para ficar plena¬mente unido com ele na glória, deverei separar-me de todos aqueles a quem amo. Quando morrer, deverei deixar a esposa, o esposo, os filhos, os amigos, a propriedade, o poder e as conquistas, até mesmo o próprio corpo. Somente quando tiver deixado tudo, poderei receber seu abraço total, para o qual fui criado.

Para testemunhar tal fato, de que o Senhor é o verdadeiro esposo de toda pessoa humana, algumas pessoas não esperam até que a morte os force a deixar todas as coisas. No celibato consagrado, abandonam tudo no início da juventude, de maneira que toda a vida e todas as energias fiquem canalizadas para o Senhor, o esposo, único capaz de satisfazer o coração humano.

Da mesma forma, porém, que José, embora ficasse diminuído, recebia Maria novamente do Senhor para ser amada carinhosamente e estimada como esposa, assim também celibatário recebe muitas pessoas para amar, conduzindo a missão do amor universal e sendo interme¬diário do próprio amor de Deus. Todo aquele que entregar ao Senhor o lugar central de seu amor, será mais rico ainda em seu amor para com as outras pessoas. E todo aquele que, na ora a morte, abandonar tudo para ficar com o Senhor, receberá novamente, através do Senhor, todos aqueles a quem amara sadiamente.

Mesmo que, no grande entrelaçamento da união pelo amor (CI2,2), ficarmos envolvidos na mais profunda amizade com algumas pessoas em detrimento de outras, é sempre o Senhor Jesus que estará mais próximo de cada um de nós, mais perto de cada um do que a esposa ou o esposo ou qualquer outro ente querido. Se nós conseguir¬mos nos amar uns aos outros com o coração dele mesmo, isto somente acontecerá porque ele é o verdadeiro esposo de todos os corações.


Livro O Ministério da Amizade de Paul Hinnesbusch, O.P. editora Paulus

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O que torna uma ação boa ou má?




Texto muito interessante do padre jesuíta Kenneth Baker

O que torna uma ação boa ou má?

Jesus disse: Se me amais, guardareis os meus mandamentos (Jo 14, 15). É fácil estabelecer o princípio geral de que é preciso fazer o bem e evitar o mal; mas não é fácil saber - em cada circunstância, aqui, agora - o que é bom e o que é mau.

Há princípios básicos de moral cristã com os quais todos os católicos devem estar familiarizados. Dentre eles, um dos primeiríssimos é este: para que qualquer ação possa ser qualificada moralmente, tem de ser consciente, humana. Um ato humano procede do conhecimento e do livre arbítrio; se faltarem a liberdade ou o conhecimento devidos, o ato não é completamente humano e, portanto, não é completamente moral. Assim, a digestão, o crescimento, o movimento do sangue nas veias, etc., uma vez que não estão sob o controle da nossa vontade, não podem de forma alguma ser chamados de atos morais. São atos da pessoa humana, mas não podem ser considerados “atos humanos”.

Um ato inteiramente humano, ou seja, um ato que procede do conhecimento e do livre arbítrio, pode ser moralmente bom ou moralmente mau. Como podemos fazer a distinção? Baseados em uma experiência de séculos, os teólogos chegaram à conclusão de que há três determinantes para a qualidade moral das nossas ações: o objeto, o fim ou a intenção, e as circunstâncias.

O objeto é aquilo em a ação consiste essencialmente, por exemplo: mentir, rezar o terço, roubar, ajudar um cego a atravessar a rua. Para que um ato seja moralmente bom, o seu objeto - aquilo que ele é -, deve estar conforme com a lei de Deus.

O segundo determinante da qualidade moral de qualquer ato humano é a intenção, fim ou propósito. Todo o ato humano, não importando quão trivial seja, é feito com algum propósito. O motorista domingueiro que atrapalha o trânsito e parece estar dirigindo sem qualquer destino tem um propósito: ele pode não querer chegar a lugar nenhum, mas busca a alegria de contemplar a paisagem do volante do seu carro. Para que um ato humano seja bom, o agente, aquele que o pratica, tem de ter boa intenção - tem de querer fazer algo que seja bom. Algumas ações, como blasfemar e roubar, são sempre erradas e nenhuma finalidade ulterior, não importando quão nobre seja, pode torná-las boas. Outras ações podem ser boas ou más dependendo de para que as praticamos. Beber não é pecado; já beber para ficar bêbado é. A moralidade de muitas coisas que fazemos é determinada pela intenção: andar, conversar, ler, etc. Muitas atividades consideradas moralmente indiferentes em si recebem a sua qualidade moral da intenção que está por trás delas.

Para que as nossas ações sejam boas, as nossas intenções devem ser boas. É bom ajudar os pobres, mas se eu os ajudo por vaidade ou despeito, então não pratico uma boa ação, mesmo que, em última análise, os pobres sejam beneficiados. Por outro lado, não podemos cair no erro contemporâneo segundo o qual toda a moralidade de uma ação é determinada pela intenção. A mais nobre das intenções não pode tornar bom um ato intrinsecamente mau. Assim, as explosões e as mortes causadas por terroristas com o objetivo de mudar alguma forma de governo são assassinatos, independentemente da intenção com que se praticam. Roubar dos ricos para ajudar os pobres, como um Robin Hood, continua a ser roubo. A ideia de que “os fins justificam os meios” é muito comum hoje em dia. Pessoas mal informadas que se preocupam com a superpopulação do planeta ou com a educação apropriada das crianças consideram bom o recurso ao aborto para diminuir o número de nascimentos e evitar crianças não desejadas; mas uma boa intenção, não importa qual, não transforma algo essencialmente mau como o aborto em algo moralmente bom.

As circunstâncias do ato, por fim, são o terceiro determinante da moralidade de qualquer ação. Circunstâncias são, por exemplo, as pessoas envolvidas, a hora, o local, a ocasião. Embora distintas do objeto, as circunstâncias podem modificar e mesmo alterar completamente a moralidade de um ato. As circunstâncias podem, por exemplo:

- tornar má uma ação que, de outra forma, seria boa, como no caso de um soldado que deliberadamente durma durante o serviço;

- aumentar ou diminuir a culpa de quem pratica a ação. Como quando uma menininha mente para a sua mãe (culpa aumenta), ou alguém conta uma mentira inventada na hora para se livrar de uma situação embaraçosa (culpa diminui).

Uma vez que todas as ações ocorrem em um momento e um lugar determinados, as circunstâncias devem ser sempre levadas em conta na hora avaliar a qualidade moral de qualquer ato humano.

Não devemos ficar alarmados com o crescente uso do princípio de que “os fins justificam os meios”. Um católico bem formado sabe que a moralidade de cada ato humano é determinada pelos três elementos vistos acima - o objeto, a intenção e as circunstâncias. Basta que apenas um deles seja mau para que possamos considerar uma ação má e saibamos que devemos evitá-la.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

“Graças e louvores se dêem a todo o momento, ao Santíssimo, Diviníssimo Sacramento”, amém!



Corpus Christi: como a igreja é eucarística

Celebrar a solenidade do Corpo de Cristo é, acima de tudo, experimentar uma nova graça que é dada ao se unir a Jesus na Eucaristia. O ato de Comungar faz-nos dispor inteiramente para sermos todos de Deus, e isto é possível porque nos unimos ao corpo, sangue, alma e divindade de Cristo. Eis a mais esplêndida experiência de amor e felicidade que o homem pode vivenciar! Na Eucaristia, não só antecipamos o céu em nossas vidas, mas também nos unimos com o céu quando nos deixamos configurar com uma nova vida em Cristo: “Não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim.”

Nas palavras do Santo Padre na homilia do ano passado (2008), na Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, nos indica a profundidade do sentido que é dado nesta solenidade: “A própria celebração que estamos a realizar no-lo diz, no desenvolvimento dos gestos fundamentais: antes de tudo reunimo-nos em volta do altar do Senhor, para estar na sua presença; em segundo lugar faremos a procissão, isto é, o caminhar com o Senhor; e por fim, o ajoelharmo-nos diante do Senhor, a adoração, que já inicia na Missa e acompanha toda a procissão, mas tem o seu ápice no momento final da bênção eucarística, quando todos nos prostraremos diante d'Aquele que se inclinou até nós e deu a vida por nós.”

“A Igreja faz a Eucaristia, mas também a Eucaristia faz a Igreja” (Henri de Lubac). Como é possível compreender isso? A Igreja e a Eucaristia parecem se confundir diante dessa união íntima. Ora, a verdadeira natureza da Igreja não se manifesta nas estruturas hierárquicas e nem no dogmatismo teológico, mas na própria celebração da Eucaristia. A Eucaristia realiza a unidade da Igreja. “O Corpus Christi recorda-nos antes de tudo isto: que ser cristãos significa reunir-se de todas as partes para estar na presença do único Senhor e tornar-se n'Ele um só” (BENTO XVI).

Por isso, podemos dizer que na Solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo celebramos a mais plena união do Esposo com a Esposa, pois é na Comunhão Eucarística que Jesus une-se de forma plena com a Igreja, ou seja, com cada fiel que professa e vive a fé do Corpo de Cristo. Por isso, desta união, o próprio Cristo nos indica o caminho que devemos percorrer: “A Eucaristia é o Sacramento do Deus que não nos deixa sozinhos no caminho, mas se coloca ao nosso lado e nos indica a direção. Ele mesmo se fez "via" e veio caminhar juntamente conosco, para que a nossa liberdade tenha também o critério para discernir o caminho justo e percorrê-lo” (BENTO XVI).

Em um profundo entendimento acerca da concepção da Eucaristia, Santo Inácio de Antioquia nos ensina que: “Cuidai de participardes de uma só Eucaristia, porque há uma só carne de nosso Senhor Jesus Cristo e um só cálice para a união com seu sangue, um só altar, como um só bispo com os presbíteros e os diáconos, meus companheiros de serviço”. Enfim, a unidade da Igreja é manifestada em sua realidade específica e objetiva quando os fiéis se reúnem em torno do Bispo “no mesmo lugar”, para receberem a comunhão do único pão e do único cálice.

Algumas considerações cabem ainda sobre o “Corpo de Cristo”, no qual nos ensina Agostinho que a Eucaristia cria a Igreja: “É o mistério de vós mesmos que é colocado sobre a mesa do Senhor; é o mistério de vós mesmo que recebeis. É ao que sois que respondeis Amém e ao que por vossa resposta aderis. Com efeito, quando ouvis as palavras “Corpo de Cristo”, respondeis Amém. Sede membros do Corpo de Cristo, para que esse amém seja verdadeiro” (Sermão 272). Somos nós, os fiéis, que somos oferecidos e consagrados na Eucaristia: “Vós está lá, na mesa, vós está lá, no cálice” (Sermão 229). Pela comunhão do corpo eclesial: “Se receberdes, sois o que recebestes” (Sermão 227). O Corpo de Cristo, a Igreja, se oferece, portanto, para se tornar o Corpo de Cristo sacrificado, o sacramento: “Eis o sacrifício dos cristãos, esse corpo único, que nós, muitos, formamos em Cristo (Rm 12,5); é o sacrifício que a Igreja celebra no sacramento do altar, tão conhecido dos fiéis; por ele mostra-se à Igreja que, ao oferecê-lo, é também oferecida a Deus” (A Cidade de Deus 10, 6).

Para concluirmos essa breve reflexão acerca do mistério Eclesiológico da Eucaristia, tomemos o Evangelho no qual narra a instituição da Eucaristia: “Durante a refeição, Jesus tomou o pão e, depois de o benzer, partiu-o e deu aos seus discípulos dizendo: “Tomai, isto é o meu corpo.” Em seguida, tomou o cálice, deu graças e apresentou-lho, e todos dele o beberam. E disse-lhes: “Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos. “Em verdade vos digo: já não beberei do fruto da videira, até aquele dia em que o beberei de novo no Reino de Deus” (Mc 14, 22-25).

“Adorar o Corpo de Cristo significa crer que ali, naquele pedaço de pão, está realmente Cristo, que dá sentido verdadeiro à vida, ao imenso universo como à menor criatura, a toda a história humana e à existência mais breve. A adoração é a oração que prolonga a celebração e a comunhão eucarística na qual a alma continua a alimentar-se: alimenta-se de amor, de verdade, de paz; alimenta-nos de esperança, porque Aquele diante do qual nos prostramos não nos julga, não nos esmaga, mas liberta-nos e transforma-nos”.

Cristo oferece o seu Corpo e Sangue como penhor da glória futura: eis a antecipação das Bodas do Cordeiro! Que a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus Cristo possa em cada um de nós gerar um coração adorador e o ser Igreja, para que a comunhão Eucarística represente de forma viva e eficaz a união esponsal que transborda numa oferta de vida configurada em Cristo.


Márcio André Teixeira Barradas
Consagrado da Comunidade Católica Shalom
Assessoria Litúrgico-Sacramental

terça-feira, 2 de junho de 2009



Palavra do Fundador: Pentecostes.


Queridos irmãos e irmãs, feliz dia de Pentecostes!

Para mim Pentecostes é o maior espetáculo já visto por todos. Sempre imagino os Apóstolos e Discípulos saindo do então chamado cenáculo, cheios de coragem e de amor, vibrando por ser testemunha de mais um grande acontecimento, ou melhor, a terceira maior visita de Deus ao homem.

inaldo.jpgO Amor incalculável de Jesus na cruz nos deu a segurança de ser testemunha. Foi através do Espírito Santo derramado no dia de Pentecostes, que essa segurança se firmou. Após este dia a vontade dos Discípulos foi sepultada no batismo da vontade de Jesus. “Não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (cf. Gl 2, 20a ). Essa é a graça a que somos chamados hoje: Como discípulos viver a vontade de Jesus.

Então, não podemos viver nossa vontade, movidos meramente por um sentimento ou por uma crise qualquer. O nosso endereço sempre deve estar nesta luz do Espírito Santo, para que todos compreendam a vontade de Deus em tudo na vida.

Sejamos testemunhas autênticas, como verdadeiros discípulos, aonde quer que estejamos. Assim, pelo Espírito Santo possamos dizer muitas vezes que a “vontade de Deus é meu paraíso.”
Desejo a vocês um carinhoso dia, “para sempre” de Pentecostes.

Inaldo Alexandre da Silva
Fundador e Moderador geral da Comunidade Doce Mãe de Deus