segunda-feira, 25 de outubro de 2010

IDE E EVANGELIZAI 2010


“Vão pelo mundo inteiro e anunciem a boa nova para toda humanidade.” (Mc 16,15)

Desde que me tornei missionário Doce Mãe de Deus este versículo faz parte da minha vida diariamente. Sou missionário, sou Padre, e exerço meu ministério de forma mais atuante nas cidades de Serra da Raiz, Duas Estradas e Lagoa de Dentro há seis anos, na Diocese de Guarabira, no Estado da Paraíba.
Na realidade este mandato evangelizador de Jesus é para todos os batizados. Nós recebemos no dia do nosso batismo este envio para sermos entre os povos sal e luz, por isso mesmo a Igreja (comunidade de batizados) é essencialmente missionária, e ela encontra a sua real vocação quando vive a missão.

Os Bispos da América Latina e do Caribe reafirmaram na Conferência de Aparecida a missão da Igreja no mundo de hoje, convidando esta mesma Igreja e os seus ministros a uma verdadeira conversão pastoral em suas estruturas e metodologias, ou seja, ou ela assume este papel ou deixa de ser obediente ao seu fundador Jesus.  Não podemos apenas ser missionários apenas no mês de outubro, esta missão como Igreja é permanente!
Jesus convida a todos para segui-lo! E como Rei e Senhor que é, manda a todos em missão, envia a cada um de nós!
Peçamos, portanto, ao Espírito Santo esta força missionária que já existe em nós pelo batismo, e busquemos anunciar com a vida Jesus e a sua mensagem.

Deus abençoe a todos.
Pe. José André, CDMD.

FOTOS DO IDE E EVANGELIZAI 2010
Lagoa de Dentro/PB

Fruto da providência divina o ÔNIBUS está preparado para partirmos com destino a Lagoa de Dentro/PB

Passeio ciclistico com as crianças do Projeto Mãe da Ternura

Fomos acolhidas por Mazé e Ana

Chegamos para Missão: Neves, Vitória e Ana Cláudia

Todos em comunhão para vivermos o mistério e a força da missão

Recepcionados com um lauto café da manhã, fruto da partilha das famílias


Crianças do Projeto Mãe da Ternura cansados depois do Passeio Ciclístico


Cléo membro do Emanuel que se doou para deixar as crianças e os adultos com o coração e a cabeça mais bonitas

Williane em sua missão, aferindo a pressão dos idosos

A alegria de sermos um neste Carisma e proclamarmos o amor de Deus: Ana, Neves, Vitória, Celise, Dilane e Noé

Até Mazé aproveitou o momento para cortar suas madeixas


Oficina de reciclagem

As crianças aprenderam como aproveitar o fundo da garrafa pet e fazer uma tartaruguinha


Cleuma, um sorriso novo, uma esperança nova. Conversando com as crianças e suas mães sobre higiene bucal.





Obrigado Ana e Mazé por serem sinal da providência de Deus










Nucleo de Eventos presente e atuante no Ide. Deus seja louvado pela vida de meus irmãos: Neves, Fabiana, Vitória e Ana

Santa Missa presidida por Padre Joaquim


Povo de Deus rezando

A força dessa ação missionária Cláudia e Suênia


Vitória e Monsenhor José Andre



domingo, 17 de outubro de 2010

A oração é um ato de insistência, de quem pede Àquele que é capaz

O mundo é das incertezas. Não podemos ter plena segurança na fidelidade das pessoas. O que conta e nos dá a plena firmeza é a fé, caminho de certeza da justiça divina. Só quem acredita em Deus consegue viver de mãos erguidas, na confiança de um mundo melhor.


Moisés teve uma atitude bonita, pois colocou-se na posição de súplica a Deus, pedindo para que seu povo vencesse na guerra. Mesmo na condição de chefe, sentiu seus limites e passou a confiar na força de Javé. Enquanto permanecia de mãos erguidas para o alto, seu povo vencia a luta.


No mundo dos mortais, não basta às pessoas terem conhecimento teórico e técnico, porque nem sempre a ciência e a prática conseguem emitir uma certeza total. Estamos na condição temporal, no mundo que deve ser sempre construído e caminhar na busca da perfeição da obra da criação.

Corremos o risco do endeusamento de nós mesmos, mas só Deus é perfeito e capaz de nos dar plena segurança e certeza. Aqui está o sentido da oração, da dependência que temos de algo perfeito, que só é encontrado em Deus. Ele é o juiz da perfeição e da total segurança.


A oração é um ato de insistência de quem pede Àquele é capaz de responder com segurança. Deus é como um juiz, que toma partido do lado de quem precisa e de quem está vivendo no limite de suas necessidades e de sua dignidade.

O juízo de Deus não tem parcialidade. Ele atende a quem tem interesse pelos valores do Reino, olha para aqueles que sofrem as injustiças causadas pelas maldades do mundo, leva em conta as atitudes de insistência na vivência da fé.


Nem sempre temos as forças necessárias para cumprir as tarefas que o mundo exige, e não é fácil sentir a mão protetora de Deus na vida cotidiana. Por isso o nosso coração deve ser sempre confiante na ação divina. Mãos ao alto em atitude indefesa, desarmada, frágil e vulnerável. A fé é a fonte da oração.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Bispo de São José do Rio Preto

sábado, 16 de outubro de 2010

PARÁBOLA DO AQUARIO


11627aquario Era uma vez um aquário onde viviam peixes grandes, médios e pequenos. Ali imperava a lei do mais forte. Os alimentos atirados pelo Criador eram disputados. Primeiro comiam os maiores. O que sobrava destes era devorado pelos médios. E o que sobrava dos médios era devorado pelos pequenos. Na falta de outro alimento, os grandes devoravam os médios e estes, por sua vez, devoravam os pequenos. Ora, havia um peixinho muito pequenino, que morava no fundo do aquário, onde estava a salvo da fome e da gula dos demais. Ali, naquelas profundezas, poucas vezes caía algum alimento. Mas, o peixinho, ao invés de maldizer a sorte, enganava a fome distraindo-se a contemplar os desenhos dos azulejos, as plantinhas, a areia branca e as pedrinhas brilhantes que enfeitavam o fundo do aquário. Um belo dia, o peixinho descobriu um ralo, por onde saía a água do aquário. Admirado, exclamou: "Ué! Então este aquário não é tudo? Existe outro lugar onde se pode viver? Para onde irá essa água que não pára de correr? E, o peixinho, curioso, tentou passar pelo ralo. Como os vãos fossem muito estreitos, ele se dispôs a fazer sacrifícios e emagrecer até passar para o outro lado. Foi assim que, dias mais tarde, bem mais magro e ainda assim perdendo algumas escamas na travessia, ele conseguiu seu intento. E foi assim que ele conheceu, pela primeira vez na vida, o que é a água corrente. - Uma delícia! Uma maravilha! O peixinho ia pulando feliz pelo rego da água, deslumbrado com tudo. E o rego da água levou o peixinho até uma enxurrada... Na enxurrada, mais água ainda. E a correnteza mais forte. Não era preciso nadar. Bastava soltar o corpo. Que maravilha! Quantos peixinhos livres! Quantos barquinhos de papel! E o sol??? Que coisa linda! E aqueles bobos, lá no aquário, pensando que aquilo fosse tudo, aquela água suja e parada. Coitados!!! E a enxurrada levou o peixinho a um riacho. E o peixinho nunca pudera imaginar tanta água de uma vez. Nunca vira crianças nadando. Nunca vira mulheres lavando roupa e cantando. Nunca pudera ver tantas plantas, tantas flores, tanta beleza junta! E julgou que estivesse delirando. Quanta comida, quanta água, quanto lugar onde viver em paz, quanta felicidade para todos! Ah! Aqueles pobres diabos lá no aquário ... se vissem tudo isto! E o riacho levou o peixinho até o rio. Não. Não é possível! Isto não existe! Olha quanta água! Parece não ter fim. Quanta comida! Quanto sol, quanta luz, quanta beleza! E foi assim, extasiado, maravilhado, deslumbrado, quase não acreditando em seus próprios olhos, que o peixinho, levado pelo grande rio, chegou enfim ao mar. Ali, diante daquele infinito de águas, de alimentos, de luz, de cores, de plantas, de um mundo de coisas maravilhosas, diante daquela majestade toda, o peixinho chorou. Chorou comovido, agradecido, porque a alegria era tanta que não cabia dentro de si. E chorou, sobretudo, de pena de seus coleguinhas, grandes e pequenos, que haviam ficado lá no aquário, naquelas águas poluídas, escuras, pardas, estragadas, espremidos, pensando viver no melhor dos mundos. E o peixinho, então resolveu voltar e contar a boa nova a todos. E o peixinho voltou. Do mar para o rio (sacrifício, porque agora a viagem era contra a correnteza). Ele nadou para o riacho, para a enxurrada e da enxurrada para o rego e do rego para o fundo do aquário. E atravessou o ralo de volta... Desse dia em diante, começou a circular pelo aquário um boato de que havia um peixinho contando coisas mirabolantes, falando de um lugar muito melhor para viver, um lugar de amor e paz, um lugar de fartura infinita, onde ninguém precisa fazer sacrifício, nem se devorar uns aos outros. E todos acorreram ao fundo do aquário para saber da novidade. Os grandes, os médios, os pequenos, todos os peixes queriam saber o que era preciso fazer para chegar a esse mundo maravilhoso... E o peixinho, mostrando-lhes o ralo, explicou, que para chegar ao outro mundo, era preciso algum sacrifício, pois a passagem era realmente estreita. Segundo o tamanho, uns teriam de sacrificar-se mais, outros menos. E os peixes pequenos passaram, a seguir, a escutar o peixinho, enquanto os médios e os grandes, sobretudo, consideravam-no maluco, um visionário. Onde já se viu? Impossível passar por aquele vãozinho tão estreito! Só um louco mesmo! E a história do peixinho se alastrou. De tal maneira se alastrou e pegou, que modificou a vida no aquário e perturbou o sossego dos peixes grandes e médios, que estes acabaram por matar o peixinho para acabar com aquelas besteiras. Mas o peixinho não morreu. Continuou vivendo, pois sua mensagem imortal, passava de geração em geração... Até hoje, a história do peixinho é lembrada no aquário. Até hoje, há os que crêem. E até hoje há os passam pelo ralo e os que jamais conseguirão fazê-lo, porque, quanto maior e poderoso, tanto maior será o sacrifício exigido. E por isso está escrito:
"EM VERDADE, EM VERDADE VOS DIGO: É MAIS FÁCIL UM CAMELO PASSAR PELO FUNDO DE UMA AGULHA DO QUE OS RICOS ENTRAREM NO REINO DE DEUS"
Ei Filoteu! tu te lembras da passagem do Evangelho que diz: "A porta que conduz à vida é estreita"?  Pois é! É isso mesmo! Nada de moleza! Cara, tu tens que ir com gosto e gás para dar conta do recado! Morou? Sacou? uau! Vá nessa que é bom à bessa!

Um abraço e bênção do Padre.
                                                                                                                                                                               Pe. Antonio Marcos Chagas
Sacerdote, membro da Comunidade Católica Shalom (comunidade de aliança)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Nada te Perturbe

 


Quer conhecer um roteiro infalível para seu dia a dia? Leia com atenção:
Nada te perturbe, nada te espante, tudo passa!  Só Deus não muda. A paciência, por fim, tudo alcança. Quem a Deus tem, nada lhe falta, pois só Deus basta.
Escrito há 500 anos, essa poesia de Santa Teresa de Jesus continua a ensinar o essencial: Só Deus basta! Mas, o que isso significa concretamente?
Vivemos sobressaltados, preocupados. Inquietos, passamos o dia tentando resolver mil coisas. Ansiosos, não conseguimos dormir bem. Preocupados, acabamos por meter os pés pelas mãos no desejo de evitar que aconteça o que nós consideramos “o pior”. Estressados, acabamos por nos irritar contra tudo e todos. Gritamos no trânsito, gritamos em casa, desmoronamos de cansaço.
O problema está, entre outras coisas, em achar que sabemos o que é o “melhor”  e “pior”para nós. Uma vez estabelecido o que consideramos nos convir ou não, tomamos as rédeas para determinar o que consideramos “melhor”. Ocorre que tudo, mas tudo mesmo, passa e o que ontem nos parecia “o melhor”, hoje é, visivelmente, “o pior”.
A raiz da inquietação, estresse, preocupação e ansiedade que aos poucos nos matam, contudo, reside além do fato de tudo passar, reside na fé.
Há a fé  que acredita em Deus e reza, contrita, o “Creio em Deus Pai”. Acreditar desse jeito, afirma São Tiago, até os demônios crêem e tremem. Nós, até cremos, quanto a tremer...
Há aquela “fé” que pede a Deus o que acha “necessário”, “imprescindível”,  “melhor” e fica ressentida com Deus se ele não atende seu pedido por mais que peça através de todos os meios – diga-se de passagem, nem sempre lícitos. É a fé infantil, diria, até, “birrenta”. Essa fé, “contrariada”, muda de igreja quando não é atendida, assim como criança birrenta põe cara feia e diz aos pais que não é mais filho deles.
Há a fé  madura, que crê no Evangelho e na Igreja e vive seus ensinamentos, custe o que custar. É a fé dos santos.
Há a fé  que confia em Deus e a ele se entrega inteiramente, tranquila, pois sabe que ele é Pai e sempre providencia o melhor para nós. E, para Deus, o melhor para nós é a santidade.
É essa fé madura e inteiramente confiante no amor de Deus que não se perturba com nada. Sabe ser fiel a Deus e ao Evangelho na penúria e na fartura, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.
Essa fé madura e confiante que é amada por Deus, não se espanta com nada. Nada a escandaliza, ainda que seja grande tristeza. Seus olhos não estão aqui na terra, mas fixos no céu. Sabe que, aqui na terra, tudo passa, tudo muda. Sabe que tudo pode nos enganar e iludir. Sabe, sobretudo, que Só Deus é o mesmo sempre. Só Deus não muda. Só o amor de Deus é sempre o mesmo, pois ele é amor em ato. Essa fé não vive para a terra nem valoriza o que à terra pertence. Vive para o céu, usando as coisas da terra para alcançá-lo.
Por isso tem paciência. Não aquela paciência de autodomínio, nem aquela que rói as unhas e balança as pernas para controlar a impaciência interior. Trata-se, aqui, da paciência-esperança, a paciência-fé, a paciência-amor.
É aquela paciência que sabe que Deus está no comando. Sabe que ele pode tudo e tudo realiza por amor. Está certa de que, no tempo de Deus – e não no seu! – ele mesmo resolverá da melhor forma de todas, sempre visando nossa santificação e a do mundo. Sabe que, ainda que tudo esteja negro, verá a vitória de Deus e que essa vitória nem sempre é tal qual pensamos.
Fé, caridade, esperança, paciência, confiança. Quem a Deus tem, nada lhe falta. Corretíssimo. Mas, quem é mesmo que “tem Deus”. Todos. Porém, Santa Teresa fala aqui daquele que conhece Deus não por palavras e teorias, mas pela oração e pelo amor. Em uma palavra, pelo relacionamento pessoal, relacionamento de amizade. Este, que ora com a Palavra, que tem a Deus como o centro de sua vida, que procura amá-lo em tudo, a este, nada lhe falta. Dele cuida o Pai muito melhor do que as aves do céu e os lírios dos campos, pois ele vale muito mais aos seus olhos.
Nada te perturbe, homem de pouca fé! Nada te espante, mulher de pouca esperança! Tudo, mas tudo, mesmo, passa, exceto Deus. Fica, então, com o Único que é  digno do teu amor e deixa-o cuidar de ti. Espera. Confia. Espera sempre, confia sempre. Quem tem a Deus, quem o conhece, quem confia nele, vive de forma diferente, vive de olho no céu e de coração no coração de Deus. Por isso, é tranqüilo e feliz.
Só Deus basta. Dedica-te a Ele. Deixa-te amar por ele. Ama-o. Nada, então, te perturbará.

Maria Emmir Oquendo Nogueira

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Tempo para rezar...

 
COMO TENHO GASTO O MEU TEMPO!
 
A correria do dia a dia, os afazeres da semana, a luta pelo pão de cada dia, acrescentando as prioridades pessoais, levam o homem a doar-se gastando o seu potencial e a sua força naquilo com o que está cheio o seu coração. Para muitos chegou o momento de "parar" e refletir o caminho percorrido até aqui. Quem não se permite fazer isto corre o risco de está gastando a vida e o seu potencial em realidades que não constroem nem edificam a pessoa humana. 
 
Não é todo “gastar-se” que dá sentido a vida e eleva o homem. Vos convido a parar e contemplar o caminho percorrido até aqui pela "vida de oração". A oração permite rever a vida, quando esta é marcada pela busca, pela sede de se fazer presente, olhando para si e entregando-se ao Senhor, diante Daquele que ali já nos esperava. 
 
Entendamos que há tempo para todas as coisas debaixo do céu e que é preciso sabedoria para usá-lo a nosso favor. Jesus Cristo chegou para salvar toda a humanidade, para tocar todo Homem que já passou e há de passar por esta terra. Está é a verdade que precisa ser proclamada e vivida pelo povo de Deus e por todos nós. No entanto, é preciso deixar-se encontrar por Ele, deixá-lo nos tocar.
Não sei o tempo em que vives ou o tempo em que te encontras, o que importa é que o Senhor quer tocar neste tempo, quer entrar em sua casa pelas suas mãos, pela sua vida de oração, pelo seu inclinar-se.

Cative-se para ser uma pessoa de oração! 
 
É preciso parar para rezar. Quando lá te encontrares lembra-te que o momento mais sublime é quando o homem consegue, no "silêncio" do seu coração, escutar a voz que ressoa do alto, afinal, credes que o "alto já se encontra dentro de ti, pois és Templo do Espírito Santo". Seja ousado, marque a sua casa construindo um lugar apropriado para rezar. Coloque nele a cruz de Cristo, a imagem do santo que tens por devoção e a Palavra de Deus. Encontre-se ali presente diariamente adorando ao Senhor neste simples santuário construído com o auxílio de tuas mãos.
Rezo pela tua vida de oração. Um grande abraça fraterno.
Com orações,
Diác. Wellington Vilar
Comunidade Doce Mãe de Deus

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A Alegria em São Francisco

shalom

Fora de dúvida, uma nota inseparável de Francisco de Assis é a alegria, que forma com ele um todo. Se a pobreza fica perfeitamente enquadrada pelo adjetivo “franciscana”, diga-se outro tanto da alegria. Quando adjetivada de franciscana, ela forma um todo e evoca a alegria na sua pureza mais lídima e na sua expressão mais concreta.

A convicção profunda de ser amado por Deus, a clareza de que tudo quanto fora criado dentro da beleza o fora para ele, a fraternização que conseguira estabelecer com todos os seres da natureza fazia-o cantar de alegria. Com freqüência, era visto empunhando um galho que arranjava à moda de violino e à moda de arco manejava um outro galho, como um violinista embevecido a produzir cascatas de notas que se evolavam pelo azul do céu. Como aprendera o francês de sua mãe e, com a língua, as canções da Provence, quando o júbilo o inundava, punha-se a cantar em francês os louvores de Deus.

Celano exprimiu muito bem este arrebatamento: “A suavíssima melodia de seu coração exprimia-se externamente em palavras que ele cantava em francês, e o que Deus lhe murmurava furtivamente ao ouvido extravasava em alegres cânticos franceses. Às vezes, pegava um pedaço de pau no chão, como vi com meus olhos, punha-o sobre o braço esquerdo, segurava na direita um arco de arame, passava-o no pedaço de pau como se fosse um violino e, fazendo os gestos correspondentes, cantava ao Senhor em francês. Freqüentemente, esta festa toda acabava em lágrimas, e o júbilo se dissolvia na compaixão para com a paixão de Cristo. Então, começava a suspirar sem parar, dobrava os gemidos, e logo, esquecido do que tinha nas mãos, era arrebatado ao céu” (2 Cel 127).

Se de um lado tinha a inspiração e a sensibilidade de poeta, do outro, sua comunhão com a natureza fazia-o o homem pacificado. Como conseqüência desta pacificação estava possuído da alegria. Não de uma alegria artificialmente alimentada ou freneticamente buscada, feita de bens e de coisas materiais, mas uma alegria, em verdade, gozosa, vale dizer, espiritual, íntima, profunda, contagiante. Não lhe agradava em absoluto encontrar religiosos com ares taciturnos, com frontes enrugadas e seriedade artificial. Imediatamente os enviava a um confessor, pois, a seu ver, uma só razão justificava a tristeza: o afastamento de Deus por causa do pecado.

Segundo um seu biógrafo contemporâneo: Francisco esforçava-se por conservar a alegria espiritual interior e exterior. Não lançava mão apenas de seu gênio alegre e amável e de seu trato cavalheiresco e agradável, mas empregava um constante esforço, através da reflexão e da contemplação, para alicerçar esta alegria. Por isso, os acontecimentos, ainda que de caráter sério, não lhe anuviavam o semblante, não lhe maculavam a palavra, não lhe entristeciam o interior. Sabia que, além de tudo e depois de tudo, há uma solução.

Custa-nos compreender como a alegria possa ser compatível com sofrimentos físicos ou penas interiores. Francisco soube fazer a fusão. Na sua célebre parábola sobre a Perfeita Alegria, mostra-nos que esta convivência é perfeitamente possível, uma vez que a alegria não é introduzida no homem através de mecanismos ou de posses ou de satisfações periféricas, ela é uma realidade que habita o âmago do homem, mas que deve ser trazida à tona, mediante uma concepção de vida com a qual são encarados os acontecimentos terrenos e históricos.

Esta alegria tornou-se-lhe como que a companheira de sua vida. Mesmo, prostrado ao solo de sua pobre cela, momentos antes de morrer, quando todo homem estremece, ele canta, pois o canto é a expressão mais concreta e exuberante da alegria. Como diz Tagore: “Os verdadeiros poetas, os videntes, tratam de expressar o universo em termos de música”. Os frades, seus companheiros, imbuídos ainda de preconceitos, bem ocidentais, aliás, em relação à morte, advertem-no de que cantar naqueles momentos poderia causar escândalo aos fiéis, que o tinham em conta de santo. Mas ele lhes mostra que o cristão não tem momentos para não cantar. A vida, em todas as suas explicitações, merece ser cantada, mui especialmente quando se está para transpor os umbrais da eternidade, região onde cessam todos os elementos dolorosos e geradores de sofrimentos ou perturbadores da harmonia.

O respeito com que se aproxima das criaturas, a ausência total de egoísmo e de interesse comercial, faz com que elas lhe respondam de forma alegre: estabelece um dueto com a cigarra, fala e faz-se entender pelos passarinhos, as cotovias lhe vêm ao encontro e o acompanham no momento derradeiro, o falcão o acorda e condói-se de seus cansaços; sente a dor que machuca o coração dos cordeiros levados ao mercado ou ao matadouro e experimenta o regozijo da liberdade conquistada; sofre com a angústia que silencia as rolas aprisionadas e condenadas ao comércio dos homens e vibra com seu vôo liberto, experimentando toda a paixão do libertado.

Não permite que lembranças do passado se instalem tenebrosamente em seu interior, fazendo com que os acontecimentos amargurem, outra vez, o presente. Ele que um dia se despojou de todas suas vestes, diante do pai, despiu-se também de todas as lembranças amargas, fazendo com que a luminosidade da esperança lhe enchesse todas as dobras do coração. Assim, sua música não era desafinada por algo que já se foi. Igualmente, não temia o futuro, não vivia na defensiva do amanhã, porque a pobreza que abraçou lhe permite ser livre, independente até do pão para a próxima refeição. Portanto, não é uma alegria isolada, desencarnada, um pedaço dele mesmo ou uma faceta de seu temperamento, mas é uma conseqüência de uma forma de conceber a vida e de senti-la numa dependência amorosa de Deus. É a conquista da serenidade. Esta palavra tão rica que evoca a imensidão azul do mar, sem ondas ou ameaças, deslizante, pura, transparente, convidativa e inspiradora. Ele era a alegria.

Quando o sofrimento chega, porque dele não ficou livre, nem o desejou ficar, pelo contrário, pediu-o, este sofrimento encontrará um solo propício e não será um vulcão a derramar lavas de revolta, mas um ser amigo, com um lugar no quadro das amizades, um outro elemento desencadeador de alegria. Também ele encontra lugar, não como antípoda da alegria, mas como fraterno companheiro de jornada, não impedindo que a beleza continuasse a ser beleza, em toda sua majestosa realidade.

A alegria marcará a partir de Francisco, e de fato ainda marca, a produção literária franciscana em todos os gêneros. Giotto, o pintor que embelezou a Basílica, em Assis, onde repousam os restos de São Francisco, introduziu a natureza em seus quadros e na própria arte pictórica. Procurou romper a seriedade e sisudez - quase tristes - bizantinas, para introduzir a alegria da paisagem colorida e de formas animadas. Dele se alimentarão os grandes expoentes do Renascimento, que o tomarão como ponto de partida. Daí afirmarem alguns que São Francisco, com suas idéias, foi uni dos próceres do movimento renascentista, com o que concordamos. O Cântico das Criaturas, onde a alegria borbulha em cada verso, será como que a inspiração constante e cantante dos teólogos e filósofos franciscanos, que através dela revestirão de otimismo e simpatia as verdades mais duras e mais sérias do cristianismo. Sem ser filósofo e sem ser teólogo, marcou profundamente a Teologia e a Filosofia, de maneira a podermos adjetivar estas ciências de “Franciscanas”, quando praticadas na cosmovisão de Francisco.

Se pobre é um adjetivo que caracteriza e descreve Francisco de Assis, alegre tem o mesmo peso e o mesmo brilho e sua ausência tornaria incompleta qualquer definição deste Santo, que nos legou uma “espiritualidade sempre jovem”, evocando jovem como sinônimo de alegria.

Deste modo, a ALEGRIA aparece, com todo o direito, como outra das notas características do FRANCISCANISMO.

Do livro “São Francisco vida e ideal”, de Frei Hugo Baggio, Editora Vozes, 1991