quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Criatividade no amor, consciência missionária e esperança para evangelizar!


Bem sabemos das diversas mudanças sociais, culturais e religiosas, nas quais estamos inseridos e as vivemos não sem grandes dificuldades. Tudo parece um rolo compressor! Muitas vezes achamos que estamos ficando para trás e passamos a querer acompanhar irresponsavelmente tudo o que o mundo nos propõe. Na caminhada cristã o processo requer alguns cuidados. Temos de nos atualizar, é verdade, mas não podemos perder o essencial, que é o “querigma,” a experiência de Deus nas nossas vidas, a amizade com Jesus Cristo Ressuscitado na oração, na Palavra de Deus e na vida sacramental. Essa experiência alimenta em nós a comunhão com a nossa vocação pessoal, com a Igreja e com a comunidade de fé na qual participamos. Nem sempre a “técnica e as estruturas” solucionam todos os problemas, pois, quando não as tivermos, que os nossos olhos nunca deixem de estar fixos no Senhor. “Sem Cristo a realidade fica turva, não é realidade, mas caricatura,” disse Bento XVI.

O tempo exige criatividade no amor, exige esperança e consciência missionária para acompanharmos as mudanças. A grande crise hoje na dimensão da fé e da vivência dos nossos apostolados está ligada ao “seguimento a Jesus Cristo, ser discípulo” (“Ide, pois: de todas as nações fazei discípulos”, Mt 28,19). As pessoas buscam experiências religiosas, mas têm dificuldades de um compromisso de vida e de doação mais consistentes. Daí que não crescem, não amadurecem no processo formativo, não criam sustentação nas convicções e perseverança na caminhada, isso vale para todos nós: cristãos batizados e engajados, como também para os que têm um compromisso vocacional. Consequentemente, ficamos “vulneráveis aos ventos de doutrinas e às circunstâncias.” Quando se trata das lideranças, dos pais na fé, as consequências se agravam porque se tornam referências confusas e não seguras para as pessoas mais fragilizadas; “não formam, mas deformam”; Tornam-se batizados que fazem da mensagem cristã um instrumento para servir aos seus interesses. Todos nós estamos sujeitos a isso!

Precisamos, nós que recebemos a missão de cuidar de vidas e conduzi-las para Deus, sobretudo, sermos discípulos para fazermos discípulos. Não podemos viver nossa missão de formadores de consciência e de evangelizadores de qualquer forma. Temos de estar cheios do Espírito Santo para então transbordarmos aos filhos de Deus, fazê-los também conhecerem a verdade, amarem-na como quem quer ser de Deus, seguindo o caminho do Seu Filho. Levar os que chegam a nós e os que buscamos, para Deus, eis a nossa preciosa missão! Temos de ajudar as pessoas na formação de suas consciências na esperança de que despertem do torpor que não as permitem vigiar e assim aprendam a vencer os assédios deste mundo, das ilusões e enganos de falsas felicidades e paraisos.

Para isso é preciso irmos além da obrigação e das limitações. Os que trabalham com formação são muito tentados ao desânimo, especialmente quando os frutos parecem não vir e as circunstâncias nos atropelarem. Vale o que diz o apóstolo Paulo: “Caminhamos pela fé, não pela visão” (2Cor 5,7). Não percamos o profetismo da nossa missão, que é o profetismo do Evangelho. Não percamos o fervor do Espírito Santo e dos Seus Carismas; não percamos o frescor e unção do nosso Batismo e do nosso Carisma. Somos pontes por onde as pessoas tocam na beleza e no mistério que é a vida de Cristo Sua Igreja. Nossa fé não é um peso, um conjunto de regras morais, mandamentos vazios; Ela é o caminho da liberdade, porque conhecer a Verdade nos faz verdadeiramente livres e felizes. A Igreja nos ensina que “a verdade tem um nome, Jesus Cristo.”

Tudo isto desembocará no compromisso para com os outros, custe o que nos custar (consciência missionária), propondo-lhes sempre a radicalidade do Evangelho, o ideal da vida cristã e a força do amor para viver uma vida diferente, “sim, – diz Moysés Azevedo – somos diferentes.” Precisamos ajudar as pessoas a se libertarem do engano do sensualismo, do consumismo e do racionalismo. O processo formativo de uma consciência é o que a fará livre porque implica: a conquista, a convivência, a oração, a formação, a Palavra de Deus, a vida sacramental e a doação de Si para o serviço. É bem verdade que vivemos hoje a tentação das “resistências quanto às opiniões pessoais”, é a ditadura do que “eu penso e sei”, juntando-se com as “as insatisfações diversas por causa do isolamento e do individualismo”, daí o que perigo de se “querer falar o que bem entende em nome da Igreja e da Comunidade”. Isso nos fará ver as coisas por fora e não por dentro, no límpido e reluzente brilho da Verdade vivida, por isso ensinada.

Nossa missão é alimentar o homem com a Verdade, Jesus Cristo. Não o Jesus Cristo que criamos com nossas idéias, mas o Jesus do Evangelho e que nos ensina a Igreja, sua esposa. Queremos dar o melhor de nós para que o homem conheça o amor do Pai, através da sabedoria que o mundo não pode dar ou comprar. A formação é um precioso dom nos confiado pela Providência divina em vista de uma missão, nunca da autopromoção.

A urgência da evangelização não nos permite a lamentação, pois somos temos de ser os primeiros a superarmos todo desânimo. A graça de Deus é que realiza isso em nós, a força do amor de Deus e o fogo que a Palavra de Deus gera em nós. Nossa esperança e alegria para com o que fazemos constituem o primeiro anúncio. Façamos a nossa parte e Deus cuidará de todas as nossas necessidades. Deixemos que o Espírito Santo nos ajude a viver o que ensinamos. Isso atrairá as pessoas para a Verdade. Não tenhamos medo, pois o Senhor está conosco, a Igreja está conosco, a quem temer? Coragem!

Que a Virgem Maria interceda para que o desejo e a decisão de evangelizar nunca desapareçam dos nossos corações!

Antonio Marcos
Missionário na Comunidade de Vida Shalom

Nenhum comentário:

Postar um comentário