quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Apesar das dores da cruz, a ternura de Deus não muda para conosco!

Dentro de uma breve palavra na memória Litúrgica de Nossa Senhora das Dores, ressalto um dos aspectos de Maria na sua relação com o mistério da dor e do sofrimento pelo qual passara como pessoa humana, que foi, sem dúvida, a sua fé. Não uma fé, evidentemente, passiva, ou seja, de quem diz: tenho mesmo que sofrer, pois é vontade de Deus. Não foi esta a postura de Maria diante da dor. “Maria permanecia de pé diante da Cruz” (cf. Jo 19,25s), como sinal de fé e esperança que protegiam a sua dignidade de filha de Deus. Não precisamos nos desesperar na hora da dor e do sofrimento, pois essas experiências podem ser portas para um recomeço de vida e sentido, sobretudo, fazermos-nos mais confiantes de que Deus tirará um bem maior deste acontecimento.

Quando o velho Simeão diz a Maria: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muito em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma” (cf. Lc 2,33-35), Maria não se angustia, mas guarda em seu coração todas as profecias a seu respeito, ela é uma mulher de fé, “fé carismática”, que dialoga com Deus e consigo mesma, no entanto, a última palavra não é dos acontecimentos, mas a de Deus que lhe disse por meio do anjo: “Não temas, Maria! Encontraste graça junto de Deus. O menino que nascerá de ti será chamado Filho de Deus!” (cf. Lc 1,30-32).

Estar diante da dor e do sofrimento sem a fé é desesperador, é ter a cruz como sinal de ignomínia e não permitir que ela nos purifique, nos salve de nós mesmos. Manter a esperança em Deus de que tudo concorre para o bem dos que O amam deve ser a nossa resposta, pois, apesar das “dores da cruz”, a  ternura de Deus não muda para conosco. Concluo lembrando também neste dia das dores da Igreja nestes tempos de tantas turbulências, de acusações e perseguições contra ela, no entanto, é também a Igreja que nos ensina a estarmos de pé diante da cruz, porque a última palavra é a de Nosso Senhor Jesus Cristo que disse: Não temais! “Eu estarei convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!” (Mt 28,20). Como não acreditar que estás com os homens, Senhor, com a Igreja, com os teus filhos exatamente nas horas onde a cruz e a dor lhes parecem tão íntimas? Claro que estás! Nossa Senhora, Virgem das Dores, rogai por nós!

Antonio Marcos
antoniomarcosdeaquino@hotmail.com

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